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O que leva uma empresa à crise? O caso da poderosa “Victoria´s Secret”.

Fatores de que levam uma empresa à crise. O caso da Victoria´s Secret.

Muitos fatores podem levar uma empresa à crise ou até a falência, tais como má gestão financeira, falta de investimento em marketing, má gestão operacional ou ainda exposição inadequada na mídia ou envolvimento em escândalos.

Todavia, não foram apenas esses os fatores que afetaram consideravelmente a saúde financeira e midiática da Victoria´s Secret. Vejamos os pontos que foram cruciais para a derrocada financeira desta gigante marca:

1) Falta de Diversidade de Modelos (Falta de Inclusão)

A marca, desde meados de 2017, recebe severas críticas em relação à falta de inclusão e diversidade entre as modelos.

Por exemplo, somente em 2019 que contrataram a primeira modelo transgênero, Valentina Sampaio e a primeira modelo plus-size, Ali Tate-Cutler.

Mesmo diante da tardia postura, enquanto outras marcas já haviam se posicionado pela inclusão, a Victoria’s Secret não agradou o público, pois consideraram a modelo “magra demais” para ser plus-size.

2) Envolvimento em Escândalos

No ano de 2019 a marca foi associada ao empresário Jeffrey Epstein, o qual fora preso por abuso e tráfico sexual. Tem até um documentário sobre o caso na Netflix (https://www.netflix.com/br/title/80224905).

Conforme o exposto no documentário citado, o Sr. Epstein foi amigo e funcionário do Sr. Wexner. No entanto, o mesmo afirma ter rompido relações com o empresário.

Todavia, mesmo após tais justificativas, a marca Victoria´s Secret foi exposta. Tarde demais.

3) Consequente Falta de Audiência (Desinteresse)

Com a falta de diversidade de modelos e falta de transmissão ao público da ideia de inclusão, acompanhada de um escândalo homérico, a consequência foi a queda progressiva na audiência do Victoria’s Secret Fashion Show.

Por exemplo, no ano de 2014 a exibição teve 9 milhões de telespectadores nos EUA, ao passo que em 2018 obteve apenas 3,3 milhões.

4) Consequente Queda de Vendas

Com a baixa audiência e exposição pouco inclusiva da marca, no ano de 2018 houve uma queda de 41% nas ações da “L. Brands”, em decorrência da baixa quantidade de vendas, o que acarretou o fechamento de 30 (trinta) lojas da marca.

O ano de 2019 não foi diferente, pois 53 (cinquenta e três) lojas foram fechadas, o que acarretou em uma baixa de 7% (sete por cento) em vendas em relação ao ano de 2018. Uma perda anunciada pela própria Victoria´s Secret de 252 milhões de dólares (liquida).

5) Crise Pandêmica do Coronavírus

Somando-se os fatores acima citados com a crise do Coronavírus, levando-se em conta que a maior parte das lojas da marca se localizam em shoppings, as vendas durante a pandemia da COVID-19 caíram drasticamente, tendo em vista o isolamento social.

A L. Brands relatou que, em maio de 2020 houve uma queda de 37% (trinta e sete por cento) nos ganhos da empresa.

Por conta disso, 251 (duzentos e cinquenta e uma) lojas da marca, somente nos EUA serão fechadas, o que representa 23% (vinte e cinco por cento) do total de estabelecimentos da companhia.

A conclusão que se chega é que qualquer negócio, pequeno, médio ou grande, deve respeitar as tendências, tanto sociais quanto mercadológicas, bem como deve respeitar a legislação local, evitando o desgaste da marca, com exposições inadequadas e envolvimentos com pessoas escusas.

Todo fator que desmotive o consumidor ou manche a marca deve ser evitado, com adoção de posturas, protocolos e padrões rigorosos, desde o Presidente, CEO, Diretores até o estagiário que trabalha na empresa.

Muitas vezes falta a devida assessoria e consultoria jurídica às empresas, com o devido aconselhamento dos Diretores, Funcionários, Parceiros, bem como a produção de protocolos de proteção da Marca, os quais poderiam ter evitado, como no exemplo da Victoria´s Secret, sua crise financeira e midiática.